sexta-feira, 20 de novembro de 2009

NUM SOPRO

No borbulhar da minha existência sinto o entusiasmo que me agita e me reanima. Não sou magnânime, porém sinto a minha substância. Respiro e flutuo, num sopro de vida que me purifica e me dá ânimo para uma nova caminhada. Experimento o desejo de evoluir ainda mais e mais, até que a meta me expire para uma nova etapa. Estou grato por tantos ensaios e pela carga cada mais enriquecedora que em mim transporto. No balanço, a certeza de que fiz muito do que me tinha proposto. Também errei, e foi com esses erros que aprendi que valeu a pena tentar, mesmo que o acreditar se deixasse enredar pelo derrotismo. E assim caminho, com a certeza de que algo em mim ainda está incompleto. Ainda cá estou, como um qualquer protótipo que requer aperfeiçoamento.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Foi no silêncio que te descobri e foi no vazio que te perdi. Acalentei mil sonhos, desci e subi mil degraus para te inventar e encontrei-me a mim à deriva. E é neste silêncio de cristal que te vou abandonar aos ecos de um passado que se fez distante e se mirrou pelo esquecimento. Por mil palavras e por mil silêncios que de ti se emanem, eu estarei surdo para os receber. E estéril me eternizo deixando que a minha intuição me guie para o vácuo que me separa das utopias

domingo, 11 de outubro de 2009


Sabes, há sonhos que valem pela sua magnificência e hoje senti-me amado, provavelmente como poucas vezes mo fizeste sentir. Viajei contigo pelas teias do incompreensível e acreditei. Sim, acreditei que não morreste, como em qualquer história que encerra dramatismo e tragédia. Senti-me especial pela tua deferência e apaziguei as saudades que de ti sinto.

Da tua exuberância guardo a imagem e a rapidez com que te apagaste. Já não te choro, mas ainda te lamento. Lamento por não termos sabido viver as nossas diferenças. De não te ter ensinado o quanto aprendi e não te ter murmurado ao ouvido que também eu evolui e cresci com as minhas diferenças. Lamento que tenha sido a separação que fez crescer o nosso amor.

Sabes, hoje, entendo melhor o meu significado. Eu sei que em ti há um pouco de mim e que a minha fonte brota muito do que em ti bebi.

Na mesma paragem em que me deixaste de lágrimas nos olhos, um dia eu regressarei e estarás à minha espera. Depois, resta-nos uma nova etapa para colmatar o que ficou por cumprir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Abnegação

Fico-me pelas palavras secas, no desconsolo de uma perdição entranhada, que me consome com uma intensidade voraz.
Entre um objecto hirto e a candura de um desejo.
Apetecia-me beber e renunciar ao que deveras sou.
Aguardo por mim, com a paciência de um amanhecer que se fez nublado e de um dia que teima em não acontecer.

Post Scriptum: Amanhã já não vens. Eu sei.

domingo, 30 de agosto de 2009

ENTRE MIM


Inexoravelmente só, entre a acalmia de um dia tórrido e o tempo que teima em não se despegar.

No meu semblante, o sulco de mais uma vivência. Já não caminhamos em paralelo. Hoje, eu sei que tudo não passou de uma intercessão, como todas as restantes, dentro dos intervalos que as sinas nos reservam.

À noite, passado o brasedo de um dia que se arrastou pesado, deambulo imóvel na candura dos sonhos, olho o firmamento e cogito no deserto. Atento, então, no brilho das estrelas, numa noite sem lua, em que o breu se imiscui com sombras subtis e ruídos ilegíveis.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

LEVE



Na tua ausência, ensaiei os meus mais sublimes sentimentos que por ti mantenho. O elo que nos une vacilou na intermitência de não te dominar. Senti-te no meu olfacto, com a ternura de quem procura no ar vestígios de uma presença próxima. Percorri-te com o interesse de uma redescoberta, e quis projectar-me em ti. No meu olhar, estavas contíguo, embora a ambiguidade da visão se confundisse na ira do meu desejo.

O meu verbo sempre se conjugou na tua pessoa. Não quero que o amanhã seja condicional, nem que a tua ausência mirre a minha leveza. Sussurra-me com o teu silêncio, embala-me na tua magnificência para que contigo os meus sonhos sejam sinónimo de desprendimento.

terça-feira, 12 de maio de 2009

PALAVRAS SOLTAS

Qual pétala arrancada pelo vento, qual pólen que esvoaça

Quando já tudo foi dito e o destino parece incerto
Solto-me e sinto-me

O meu eu, o eu que eu procuro
E sempre a incerteza no horizonte
O eu que conheço, o eu que pressinto, o eu que vejo quando a visão se turba


Desprendimento. As palavras sinto-as. Passam as emoções. Solta-se o desejo

segunda-feira, 20 de abril de 2009


Atribuir definições a sentimentos é tarefa ingrata. Traduzir o que corre nas veias e nos sulca a alma; o que nos faz mover, o que nos faz sonhar… Referimo-nos ao amor como gelo, como um icebergue que se afasta da costa e derrete, como que os sentimentos não se possam perpetuar e desapareçam no horizonte.


Hoje, apetecia-me dizer-te que adoro o ardor que me invade quando penso em ti, a volúpia silenciosa de te ver passar, o êxtase de te ver a pulsar…
Ter-te é experimentar o sabor da tua pele, ter no meu corpo o calor suado do nosso amor, o gemido contraído e alienado, o espasmo arrebatador.

E depois? Depois é saber que tu continuas cá. Que sonhamos em uníssono.
Amanhã, vou acordar contigo.
A vida é assim... feita de fragmentos soltos!

segunda-feira, 6 de abril de 2009


Faltam-me as palavras, faltam-me os atributos para ler a tua alma e te justificar na minha Pessoa.

Aconteceste em mim e foste cavalgando na minha vida, a galope.

Contemplo-te em toda a tua plenitude e cinjo-me às emoções que me suscitas.

Decifro-te na tua perfeição, na esperança que um dia também eu esteja em ti.

A tua dádiva é o meu fascínio, os teus sentimentos o meu anseio.