quinta-feira, 27 de março de 2008

TRAVESSIA

O tempo passou, meu amor,
e a cor dos teus cabelos dissipou-se na escuridão da noite.
Ao teu lado era como que o mundo coubesse nas minhas mãos.
Hoje, a tua recordação sabe a sal das lágrimas que por ti os meus
olhos derramaram.

O silêncio apoderou-se do trepidar que o meu coração sentia
quando os nossos corpos vibravam ao sabor da madrugada.

Hoje, o teu nome já não tem significado.
De ti guardo a imagem, cada vez mais ténue e vazia.

Acabaram os segredos, acabou-se o passado, acabou-se o acreditar.


Luís Monteiro

segunda-feira, 24 de março de 2008

Em ti eu vivo


Vem, Ser que me iluminas, vem a meus braços.
Afoga-te em mim, mergulha comigo na fonte do amor.

Deixa-me perder em ti, vaguear no labirinto da tua alma, percorrer os lugares mais recônditos da tua angélica existência.

Da colheita do nosso amor sairá o elixir da amizade. De ti, só de ti, depende o meu gáudio. Alimenta-me com a doçura da tua existência, embriaga-me com o sabor da tua jovialidade, para nos teus braços me adormecer.

Luís Monteiro

domingo, 23 de março de 2008

NA MINHA METÁFORA



Vazio de mim,
vagueio qual libélula afadigada, cuja vida é efémera e atribulada.
Vazio do incerto, da certeza da incerteza.
A minha metáfora sou eu.


A minha alma é um puzzle de peças soltas, que balanceiam ao sabor de um paradigma indecifrável.
Sempre que de mim saio, entro em mim, para de novo me desencontrar.
Na minha metáfora encontro o meu refúgio, a minha consolação.


Luís Monteiro

quarta-feira, 19 de março de 2008

NU DE MIM

Perante mim, estou nu.
Perante ti, sou jardim em flor.
Em ti, sou um Ser que busca a perfeição.
Em nós há compleição.

Longe de ti, balanço.
Longe de ti, estremeço.

Aceita-me na minha singularidade, na minha banalidade, na minha fraqueza.
Faz-me lutar pelo sabor dos teus lábios,
Faz-me desejar estar em ti e tu em mim.

No conforto do teu olhar eu vivo,
No conforto do teu calor eu cresço,
Na doçura da tua voz eu vibro.

Luís Monteiro

O VENTO QUE ME EMBALA


Bate forte, em rajadas
Bate forte nas janelas
Pulam as folhas
Batem as portadas
Voa o pó, que me turva a visão
Assim se embala o meu coração.

Quem me dera ser uma pluma,
Voar ao sabor do vento…
Quem me dera ter entendimento,
Saber escutar o seu ensinamento.

Leve, cada vez mais leve.
Solto, cada vez mais solto.
Alto, cada vez mais alto.
Luís Monteiro

segunda-feira, 17 de março de 2008

À ESPERA


Amanhã, sempre um novo amanhã, e depois outro, e outro, e depois outro… Deito-me à espera de acordar num novo dia. Todos os dias são novos. Espero que também eu seja novo.

E quem espera… Eu espero?

O tempo passa, o dia é efémero, a noite é fria, eu sou humano.


Luís Monteiro

sexta-feira, 14 de março de 2008

O SONHO COMANDA A VIDA...







Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.




Fernando Pessoa

segunda-feira, 10 de março de 2008

"A ESPERANÇA É O ALIMENTO DA NOSSA ALMA, AO QUAL SE MISTURA O VENENO DO MEDO." VOLTAIRE

Utopia, sonho, o que seria de mim sem eles...


Conseguiriamos nós viver sem a utopia? Por mais que possamos pensar que sim, é mentira.

Todos os dias somos impelidos pela utopia de viver melhor, de sermos melhores, de seres mais felizes.

A felicidade é algo tão vasto e subjectivo que é impossível condensar tudo o que ela implica numa só palavra.


Sonhar é liberdade, é fuga e evasão, é nirvana, é felicidade momentânea, é egoísmo positivo.
Sonhar é não conhecer fronteiras, viajar, ousar, percorrer.
Sonhar é VIVER.

Viver aqui, além, a dormir e acordado.
Ousemos viver no nirvana, passar além da utopia, fazer da utopia um estado de alma, alimentar o nosso espírito na fonte da liberdade.

Luís Monteiro