quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010


Naquele baú, eu guardava um sonho, arrumado entre os postais que recebi, as fotografias que embalei, livros que nunca li e as recordações que já esqueci. Havia dias em que me deleitava a remecher no meu passado. Os sonhos tinham cheiro, as emoções tinham textura e as lembranças do que já vivi pareciam ter acontecido ontem.



A ordem da minha vida perdia a lógica e todos aqueles meus pedaços perdidos no chão do baú pareciam jazer vivos. Que assombro sentir-me no meio daquilo tudo, sentir que um pouco de mim estava arrumado e esperava que eu lhe tocasse para renascer.


Juntava sempre mais um pedaço de mim junto aos outros pedaços engavetados. Perdia-os sempre que puxava por um e de cada vez um ressaltava por entre os outros, como que gritasse por mim e me pedisse colo. Ainda hoje não sei o que queriam de mim, mas o certo é que ainda hoje lá permanecem vivos.